A Noruega pretende migrar completamente a escuta de rádio para a tecnologia digital DAB. O Ministério da Cultura do país nórdico do bacalhau e petróleo anunciou o fim das emissões VHF-FM das rádios públicas e privadas norueguesas dentro de dois anos, em 2017.
Registe-se o fato de a NRK, operador público norueguês, assegurar uma cobertura DAB superior à oferecida em VHF-FM, servindo mais de 99,5% da população. As últimas estatísticas apontam para que 56% dos ouvintes escutem diariamente via DAB. Neste contexto, os diversos atores no mercado da radiodifusão, bem como as entidades oficiais norueguesas, querem que o país seja o primeiro do mundo a abandonar a rádio analógica a favor da tecnologia digital.
Diria que é fácil falar quando se está num país riquíssimo, onde se tem uma rádio pública como a NRK disposta a injetar uns milhões de coroas em emissores DAB e em estruturas de emissão preparadas para a rádio digital, que opera desde 1995. Sejamos claros: não obstante o menor custo final da energia para alimentar a rede de emissores, montar uma rede DAB não é fácil, nem é nada barato. Em Portugal, a RDP/RTP investiu 11,5 milhões de euros no DAB, assegurando uma cobertura de cerca de 70% da população. Ainda assim, segundo relatos da elite de ouvintes que tinham receptores DAB, a qualidade da cobertura do sinal estava algo longe do ideal. Quando a RTP teve de efetuar cortes, desistiu do brinquedo caro e pouco útil, salvo para alguns (raros) entusiastas e audiófilos. Reativar? Talvez… no dia em que o Sr. Juncker decidir-se por oferecer uns tantos milhões de euros vindos de Bruxelas para modernizar a rádio europeia.