A realidade é muitas vezes ignorada, e precisa bater à porta para muita gente entender a seriedade de algumas coisas. Desse mal nunca sofri, aprendo fácil com a desgraça alheia, próxima ou distante. Corre mundo a fora via noticiário, a gravidade desta pandemia, e mesmo assim, muitas pessoas a ignoram e ainda culpam os meios de comunicação por serem porta-vozes de uma verdade inconveniente.
Não sou afeito a discussões políticas, nem religiosas, por entender que somos todos bairristas e cada um só quer saber de si mesmo e do que pensa, tempos modernos, SQN, sem deixar que a empatia seja o tempero de nossa mísera e temporal existência.
Moro em Santos-SP, em um condomínio com 72 unidades e desde o início desta “gripezinha”, desculpe a crítica, tenho tomado todos os cuidados com a movimentação pelo mesmo, inclusive deixei de utilizar elevadores, pra mim é mais fácil por estar no segundo andar.
Até hoje perdi dois colegas de trabalho, comprovadamente mortos pelo coronavírus, observador que sou, chato até, sempre observei algumas pessoas que agem como se nada estivesse acontecendo, ou agindo com um mínimo de cuidado pra não dizer que eram descuidadas, talvez. Não sou juiz de ninguém, cada um é dono de si, não é mesmo?
Alguma conversa que minha esposa teve rapidamente com uma vizinha ao sair para compras de alimentos, deu a entender que, por ela e por algumas pessoas de sua família, a religião praticada e remédios milagrosos como a cloroquina seriam uma solução a se dar graças. Não creio. Mas foi justamente uma pessoa com esses requisitos que foi vitimada pela Covid-19. Não faço aqui critica religiosa e sim reafirmo o que a ciência diz, essa gripe é fatal, ponto.
Hoje, domingo 14/06/2020, pela manhã me chega pelo interfone uma notícia muito triste. Um vizinho, amigo, que morava dois andares acima do meu, com cerca de 60 anos, porte atlético, praticava corrida, fazia exercícios constantemente, morreu de Covid-19. Não tem velório, a despedida é via pensamento.
Deixa esposa, filhos, netos e saudades entre todos os que com ele conviviam, inclusive eu.
Se cuide, não permita ser seviciado pelo frisson do comércio que te atrai para a armadilha mortal desse vírus.
Fique em Casa.
Gilson Oliveira